domingo, 6 de maio de 2012

Ricardão

Oi, fulanos como vão? Vocês se lembram da história que eu disse que estava escrevendo mas desisti? Por sorte eu não apaguei e consegui continuar XD. Boa leitura.


Ricardão

  Por que será que a vida é tão injusta? Por que ela tem que descontar em você por uma coisa que você nem fez? Era o que eu me perguntava ás 11 da noite de sábado, tinha esperado um taxi há mais de 1 hora e precisava chegar logo em casa, porém minha mãe não queria que eu fosse de metrô ou a pé: "é perigoso!'', dizia ela.
   Depois de dar uma andada, ou melhor, minha terceira andada perto do ponto de taxi, sentei novamente em um dos bancos azuis, por sorte ele era coberto, um inimigo para a chuva que caía. Minha capa de chuva já não aguentava mais, deslizei meus pés de um lado para o outro no chão duro da rua e sorri quando percebi que eram os all-stars de cano longo novos que mamãe me deu, depois de muito implorar para ela, como queria esses sapatos! Uma coisa que não entendia era porque ela não tinha vindo me buscar. O rodízio dela já tinha passado de acordo com a hora. Mostrei minhas unhas para mim mesma, estavam pintadas com o desenho do sol no céu azul, aquelas que eu mesma pintei, orgulho daquilo, quando estamos tristes qualquer coisa pode nos pôr a sorrir.
   Ajeitei minha mãos nas pernas e olhei para frente, aonde um homem vinha fechar a loja de CDs da qual eu tinha entrado, mas só estava nessa situação por causa disso... Enquanto vários adolescentes da minha idade (15 anos) baixam músicas pela internet eu venho aqui comprar CDs, dei uma risadinha ao pensar nisso, mas é bom vir aqui, eu descubro outras bandas, como um pouco na lanchonete da loja, converso com o vendedor, que já é até meu amigo.
   Tirei meus cachos loiros do rosto e percebi um meninho descalço com uma roupa um pouco esfarrapada andando sozinho na rua, levantei do banco e fui até ele, não me importando com a chuva.
   - O que o senhor faz aqui sozinho? - indaguei brincando com o menino.
   - Não sou senhor - corrigiu o menino com uma risadinha.
   - Então você é um... senhorito?
   - Você que é - disse ele com uma cara de travesso e depois completou - uma senhorita.
   Que garoto fofo, normalmente crianças ficam tímidas, muito tímidas, quando um desconhecido vem falar com elas, mas ele não. O menino parecia um pouco triste, porém nos olhos deles tinha uma esperança, um brilho, ele devia estar perdido...
    - Qual seu nome? - perguntei ao menino.
    - Ricardão.
    - Ricardão?
    - É. Ricardão - confirmou ele sorrindo.
    - Está bem, uhn... Ricardão, você está sozinho?
    - Não to achando minha casa, nem o papai, nem a mamãe - respondeu Ricardo tristemente (quer dizer... o Ricardão).
    - Você sabe onde mora?
    - Numa casinha amarela com telhado - falou o menino orgulhoso com um sorriso no rosto.
    - Você se lembra de onde essa casinha fica?
    - É perto de um parque pequenininho, com uma praça no meio.
    Eu conhecia esse parque! Não era muito longe daqui! Somente 3 quadras! Sorri para o menino e assegurei:
    - Vou te levar lá!
    Ricardo sorriu de volta (Ricardão!) e peguei sua mão, depois de aproximadamente 11 minutos chegamos á praça, estava vazia, a única coisa que se ouvia eram os grilos e o farfalhar das folhas. Ricardão apontou para uma casa amarela desbotada simples e pequena, e como o menino dissera tinha um telhado. Que para a minha alegria (pois é... "para nossa alegria") e da família estava bem conservado.
   Atravessamos a rua em direção a casa do garoto que estava bem iluminada, os pais de Ricardo deveriam estar lá. Com as mãos dadas com a do menino subi os três degraus e um pouco hesitante toquei a campainha gelada.
   Minutos depois, uma mulher de cabelos castanhos encaracolados como os de Ricardo abriu a porta e ao ver as duas pessoas em frente a ela sorriu, sorriu até onde pode. Lágrimas saíram de seus olhos verdes e escorreram por toda a sua face. Ela abraçou o menino como se fosse um ursinho de pelúcia, não haviam dúvidas: era a mãe dele. Então, ela se dirigiu a mim e me abraçou fortemente, sorri também, tinha feito uma ação boa. A mulher, que parecia ter cerca de 35 anos, me soltou e disse baixinho: "Obrigada". De repente, um homem alto saiu pela porta e abraçou o menino, até mais forte que a mãe, devia ser o pai. O senhor me olhou estranhamente, mas logo sorriu e me deu um aperto de mão.
    A família me convidou para entrar, porém recusei, tinha de ir embora e seguramente iria atrapalhá-los. Me despedi de todos eles e me pûs de volta para o ponto de taxi, de volta á espera infinita que acabou logo depois que minha mãe apareceu de carro. Para falar a verdade ela chegou bem na hora que me sentei no banco novamente.

2 comentários:

  1. Que legal!! Essa redação foi alguma proposta da escola ou foi por conta própria?

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